Você já reparou que há muitos introvertidos trabalhando na área de Atendimento? (Eu me incluo nessa lista ?). Talvez seja porque nosso trabalho esteja mais para atuação nos bastidores e não sob os holofotes. Acho qté que faz sentido que pessoas introvertidas achem seu lugar na área de Atendimento, não?
Estou falando isso porque me lembrei de um livro chamado O Poder dos Quietos – como tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar, da norteamericana Susan Cain.
Esse título, eu sei, faz parecer que o livro fica naquela estante de autoajuda, mas não se engane: a única coisa que você não encontrará nele são conselhos, dicas, fórmulas fáceis. O livro tem profundidade.
Antes de continuarmos, deixa eu esclarecer que introversão não tem a ver com timidez, são coisas bem diferentes. Como a própria Susan Cain explica: a timidez é inerentemente dolorosa; a introversão, não. Timidez é o medo da desaprovação social e humilhação, enquanto a introversão é como você responde a estímulos.
OK, então vamos falar sobre os estímulos. Pessoas introvertidas tendem a preferir ambientes que não sejam “estimulantes demais”, não é mesmo? E é aí que a coisa pega. A autora observa que no mundo que a gente vive, escolas, empresas e instituições religiosas são projetadas para extrovertidos. Em virtude disso, os introvertidos têm sido subestimados e mal-aproveitados em suas potencialidades. A boa notícia é que ninguém é 100% introvertido ou 100% extrovertido. Há muitas nuances a ser entendidas e bem exploradas.
O livro também descreve as pesquisas sobre introversão já realizadas e ainda em andamento nas diversas áreas do conhecimento, da psicologia comportamental à neurociência. E procura responder a perguntas que estão na base dessas pesquisas:
Afinal, nossa preferência pela extroversão é a ordem natural das coisas ou é socialmente determinada?
Por que algumas pessoas são falantes e outras medem as palavras?
Por que algumas pessoas se enterram no trabalho e outras organizam festas no escritório?
Por que algumas pessoas sentem-se confortáveis em posição de autoridade e outras preferem não liderar nem serem lideradas?
E, é claro, a pergunta de um milhão de dólares: introvertidos podem ser líderes? Parece que sim, e há no livro diversos exemplos de introvertidos famosos para confirmar a tese.
O objetivo desse extenso trabalho é mostrar que, embora a gente viva nesse estado de “gritaria” permanente, é na coexistência entre extrovertidos e introvertidos que reside a solução para um mundo mais saudável, economicamente e socialmente falando.
Ah, além da leitura, vale a pena assistir à palestra da Susan Cain no TED.